sábado, 7 de março de 2009

Minhas Comidinhas


Depressão é uma
Bom, deixa pra lá...

Mas convenhamos: tem dias que não dá...
São aqueles em que nada, nada dá certo.
E se é um domingo, está frio e chovendo, aí é pior.
Ruim mesmo é quando junta tudo isso com: noite mal dormida, falta de papel higiênico de manhã cedo, pasta de dentes naquele finalzinho quando, muito bem espremido, o tubo rende mais ou menos 1/3 de mm3 de pasta, o pó de café acabou e o leite azedou, mas só percebemos isso quando ele coagula enquanto o esquentamos.

Dias assim - o frio, o céu cinzento e a pouca luminosidade - tiram qualquer inspiração culinária e só me fazem pensar em neve, masmorras e cientistas malucos fazendo experiências aterrorizantes em presos políticos inocentes e indefesos.
Ocasião ideal para um prato russo:

Rôskovo©™

1 ou 2 ovos
1 colher de chá de margarina
restos de arroz cozido (se possível com mais de três dias na geladeira)
cebolinha picada a gosto (com ambiguidade e sem trema)
1 colher de sopa de cebola picada (ou não
1)
1 colher de sopa de tomate picado, sem sementes (ou não)
1 colher de sopa de parmesão e/ou queijo prato picado miudinho (ou não)
1 colher de sopa de presunto e/ou linguiça “sem trema” calabresa picadinhos (ou não)

Numa frigideira, ou panela pequena, aqueço a margarina até ela dourar ligeiramente. Se nesse dia minha veia purista ou minimalista não estiver ativa (ver nota 1), junto os itens extras, menos o queijo, que deve ser o último a ser unido ao conteúdo da panela, e refogo até ficar tudo no ponto desejado. Então, junto o arroz e misturo bem, deixando ele absorver os aromas e esquentar bem. Depois, coloco o(s) ovo(s) mal2 batido(s) com uma pitada de sal. Por último, o(s) queijo(s). Misturo. Descuidadamente jogo a cebolinha e misturo mais um pouco, desligo o fogo e vou pra sala saborear o resultado.


Rituais de consumo

Rôskovo deve ser degustado na mesma panela ou frigideira em que foi feito. Sempre! Isto é obrigatório!
Eu costumo sentar no sofá da sala e proteger as pernas com uma almofada (e um pano pra proteger a almofada, senão minha mulher me mata!) e coloco a frigideira sobre ela.

De preferência uso uma colher de sopa: bocados maiores.

Rôskovo deve ser consumido enquanto se assiste televisão. Programas dominicais vespertinos são os ideais. Ou, aproveitando a atmosfera do dia, assistindo um filme trash (D, se possível).

Eu penso que qualquer acompanhamento que não seja um copo d'água fere frontalmente o espírito de que se deve estar imbuído para apreciar devidamente a iguaria.

A limpeza de talheres e panelas será feita sempre no dia seguinte. À noite.


Variante

Há uma variante do Rôskovo: Kárnovo©™.

Os procedimentos são os mesmos que para o Rôskovo, mas substituo o arroz por restos de carne moída feita em dias anteriores. Também substituo a cebolinha por salsa. Os rituais de consumo são os mesmos.

Sei que os puristas vão torcer o nariz, mas neste caso não aceito quaisquer críticas, pois trata-se de adaptação minha, que não pretende substituir nem remeter-se ao Rôskovo original. È criação destinada apenas a aproveitar a simplicidade russa em um prato mais substancioso e com igual facilidade de preparo.


Notas

1 Os puristas são unânimes em salientar que o verdadeiro Rôskovo é feito apenas com os quatro primeiros ingredientes. Os minimalistas vão mais além, declarando que em sua origem o prato era preparado apenas com arroz e ovo e que a versão com margarina (alguns usam banha de porco) e cebolinha seria uma aculturação brasileira. Quando opto pela versão minimalista, o filme (ver Rituais) deve ser algo no gênero terror.

2 Os princípios filosóficos que nortearam a criação do Rôskovo exigem que ele seja preparado com o menor esforço possível. Talvez esteja aí uma justificativa para os argumentos puristas.


©™ Rôskovo, copyright 2006, TM 2007, by RCM

©™ Kárnovo, copyright e TM 2009, by RMJ



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